31 janeiro 2006

Primeiro Mundo

Quase igual ao Brasil: notícia publicada no caderno Mundo, da Folha de S. Paulo de hoje:

"Superávit por causa do aumento dos preços do petróleo e do gás rendeu R$ 770 por habitante de Alberta

Província do Canadá dá dinheiro à população


Você gostaria de morar num lugar sem maiores preocupações com desemprego, violência e pobreza e ainda ser pago por isso? Foi o que aconteceu neste ano a praticamente todos os 2,3 milhões de moradores da próspera Alberta, Província do centro-sul canadense rica em petróleo.
Por causa do superávit recorde obtido pelo governo provincial no ano passado, cada um dos moradores, inclusive mortos recentes, mendigos e bebês, está recebendo um cheque individual de 400 dólares canadenses, o equivalente a R$ 770. Apenas os presidiários ficaram de fora.
"Eu tentei incluir os meus dois cachorros, mas não deu certo", brinca o engenheiro paulistano Hélio Colaço, 45 anos, dos quais seis em Calgary, onde trabalha como motorista de ônibus adaptados a deficientes físicos.
Animado com o dinheiro, ele escreveu ontem um e-mail à Folha contando a notícia junto com uma reprodução do cheque. "Enviei a foto para vocês porque, se contasse, ninguém acreditaria."
Colaço, que ganha R$ 5.800 por mês e mora em casa própria, disse que é a primeira vez que o governo faz isso, mas a restituição é uma prática comum entre as empresas. Recentemente, recebeu R$ 170 de um supermercado em razão dos lucros obtidos e deixou de pagar um mês de gás de R$ 115 pelo mesmo motivo.
O brasileiro disse que optou depositar o cheque na poupança. Mas na mídia local, que registra a euforia provocada pela chegada dos cheques pelo correio, há relatos de moradores que gastaram tudo no cassino e de doações às igrejas, enquanto os bancos reclamam da falta de notas devido ao volume de cheques descontados.
Já as empresas da região lançaram várias promoções para captar o dinheiro, como pacotes turísticos no valor exato do cheque.
"E outra: está dizendo que o governo federal vai também emitir cheque para todo mundo. Dizem que vai ser uns 140 dólares (R$ 270). Uma mixaria, vê se pode?", desdenha Colaço.
A operação, que custará ao governo local cerca de 1,4 bilhão do superávit de 8,7 bilhões de dólares canadenses, não foi unanimidade. A oposição ao premiê (governador) Ralph Klein, um dos principais líderes do Partido Conservador canadense, disse que o dinheiro deveria ter sido usado em obras de infra-estrutura e em doações para programas sociais.
O popular Klein, que governa a Província desde 1992, se defende dizendo que a maior parte do superávit será gasta com infra-estrutura. E, para o ano que vem, os moradores podem receber um cheque ainda mais polpudo -o superávit deste ano deve ficar em 19 bilhões de dólares locais.
Essa não é a única distribuição de dinheiro feita recentemente pelo governo conservador, que se beneficia dos altos preços internacionais do petróleo e do gás. Em 2005, na comemoração do centenário da Província, foi criada uma poupança de quase R$ 1.000 para toda criança filha de residentes nascida a partir do ano passado".