17 setembro 2005

Venda de livros lá embaixo...

Não perguntem tanto por que o Brasil não vai pra frente... Alguns dados estão na nossa cara, como mostra a reportagem do caderno Ilustrada da Folha de S. Paulo de hoje:

"Venda de livros cai ao nível de 1991
Renda do brasileiro sobe, mas setor negocia 1 milhão de obras a menos que no início dos anos 90
O mercado editorial de livros não-didáticos teve em 2004 um desempenho em vendas igual ao verificado em 1991. Segundo a Câmara Brasileira do Livro e o Sindicato Nacional dos Editores de Livros, foram vendidos no ano passado 289 milhões de livros, ou 1 milhão a menos do que o montante negociado no início da década passada. De 1992 a 2003, a população com mais de dez anos de idade aumentou em 29 milhões. A proporção de pessoas com mais de oito anos de estudos cresceu no período de 25,4% para 41,2%, ao mesmo tempo em que caiu a taxa de analfabetismo e a porcentagem de crianças fora da escola.
Para Marino Lobello, vice-presidente de Comunicação da CBL (Câmara Brasileira do Livro), o aumento da renda e da escolaridade pouco influem no mercado por causa de uma questão cultural. 'É verdade que esse é um país de renda média baixa, mas, mesmo que a renda aumente, o livro não faz parte da cesta básica cultural do brasileiro. É por isso que o mercado fica estabilizado num patamar. Ele cresce um pouquinho, cai depois, mas continuam sendo apenas 26 milhões de brasileiros que lêem quatro livros por ano e ponto final', afirma ele.
Comparação
De fato, o índice de leitura no Brasil é muito baixo quando comparado com países desenvolvidos. De acordo com a pesquisa Retrato da Leitura no Brasil, de 2001, a média de livros lido per capita aqui é de 1,8. Na Inglaterra, essa média chega a 4,9. Nos Estados Unidos, é de 5,1 e, na França, atinge 7.
O gasto médio das famílias brasileiras com livros, jornais ou revistas também é muito baixo se comparado com outros produtos que poderiam ser considerados supérfluos.
A Pesquisa de Orçamentos Familiares do IBGE, realizada em 2003, mostra que, na divisão dos gastos em praticamente todas as classes sociais, esses artigos ficam atrás das despesas médias com cigarro, perfume ou cabeleireiro e manicure.
Gasto com internet e celular afetam vendas
Famílias com maior poder aquisitivo consomem de quatro a seis vezes mais esses produtos do que livros
Para os economistas Fábio Sá Earp, da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), e George Kornis, da Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro), que realizaram no ano passado um estudo sobre o mercado editorial brasileiro a pedido do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), parte da explicação do problema com as vendas de livros está também no fato de as famílias de maior renda terem passado a dividir seu orçamento com outros gastos, como telefones celulares, TV a cabo e internet.
'Os compradores significativos de livros são os 10% mais ricos no Brasil. Esses tiveram queda na renda de 1993 a 2003 e, ao mesmo tempo, apareceram novas necessidades, como o celular e a internet, com o que estes consumidores têm um gasto de quatro a seis vezes maior do que com bens editoriais, segundo a Pesquisa de Orçamentos Familiares do IBGE', afirmam os economistas."
Alguns números da pesquisa:
61% dos brasileiros adultos têm muito pouco ou nenhum contato com livros.
47% dos alfabetizados declaram possuir no máximo dez livros em casa.
17 milhões de pessoas não gostam de ler livros.
(Fontes: IBGE, Câmara Brasileira do Livro, Sindicato Nacional dos Editores de Livros e Pesquisa Retrato da Leitura no Brasil 2001)

1 comments:

Anonymous Anônimo said...

me surpreendi q vendem mais livros per capita nos EUA do q na Inglaterra, pois por aqui as pessoas estao sempre carregando seus livros pra ler no onibus ou metro, e ingressos para eventos literarios sempre esgotam com antecedencia. Tbm nao dah pra esquecer q americano gosta muito de comprar, mas serah q leem tudo q compram?

21 setembro, 2005 12:51  

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