26 agosto 2005

Livro da Semana: Eu S/A

Instigante! Talvez amedrontador... Embora no final vire um romance policial sem maiores distinções, a idéia central desta obra é realmente fascinante.
A história se passa em um futuro próximo, no qual o capitalismo chegou praticamente ao seu ápice. Neste futuro, os sobrenomes das pessoas foram substituídos pelo nome das empresas para as quais trabalham. Quem não tem emprego, não tem sobrenome...!
O personagem central, Hack Nike, se vê em meio a uma estratégia revolucionária de marketing: para vender mais, e causar maior frisson entre seus clientes, a Nike decide matar um número determinado de clientes que comprarem seus novos tênis.
" -É bom ter você a bordo, Hack - O vice-presidente John Nike pegou o contrato, abriu uma gaveta e o largou lá dentro. - O que sabe sobre os Nike Mercury?
Hack piscou.
- É o nosso último produto. Não vi um par, mas... ouvi dizer que é fantástico.
- Começamos a vender os Mercury há seis meses. Sabe quantos pares já vendemos?
Hack balançou a cabeça. Cada par custava milhares de dólares, mas isso não impediria as pessoas de comprá-los.
(...)
- Mas Hack, se as pessoas perceberem que cada shopping tem os Mercury, vamos perder o prestígio que montamos. Estou certo?
- Está - Hack esperava parecer confiante.
- Sabe o que vamos fazer?
Ele balançou a cabeça.
- Vamos atirar neles - disse o vice-presidente John. - Vamos matar todos aqueles que comprarem um par. Não todo mundo, obviamente. Achamos que só temos de apagar... o que foi que decidimos? Cinco?
- Dez - disse o outro John."
Para os executivos, envoltos neste marketing de guerra, nada mais natural: no futuro próximo, o mundo inteiro (com exceção dos irredutíveis franceses) está privatizado e controlado por companhias americanas. As escolas também: elas levam o nome das empresas às quais pertencem: Mattel, McDonalds...
O governo só age se contratado para isso, ou seja, ele cobra para investigar crimes. Se a família não tiver dinheiro para pagar...
Nesse ambiente, a guerra entre as companhias está solta. E elas planejam o passo final -aniquilar o pouco que resta do Governo:
"Eu lhes dei um mundo sem interferência do Governo. Agora não existe campanha publicitária, nenhum trato entre empresas, nenhuma promoção, nenhuma coisa que vocês não possam fazer. Querem pagar para que crianças tatuem logotipos na testa? Quem vai impedir? Querem fazer computadores que precisem de conserto depois de três meses? Quem vai impedir? (...) Querem que a National Riffle Association os ajude a eliminar seus concorrentes? Então façam. Simplesmente façam".
Não deixa de ser instigante pensar num futuro destes. Para alguns, ele não está tão longe. Existem diversas obras que tratam dos horrores e dos possíveis horrores de sociedades comunistas. Esta vem para nos mostrar quão horrível pode ser também o outro lado da moeda...
Enfim, vale a pena ler esta obra. Um romance muito bem escrito, com este pano de fundo magistralmente bolado. Diversão garantida. E boa idéia pra um papo com os amigos depois.

Posted by Picasa Eu S/A - Autor Max Barry
Editora Record

4 comments:

Anonymous Anônimo said...

Alexandre,
Parabéns pela iniciativa do Blog.
A tua resenha de livros é uma bela sacada.
Apenas um conselho, não mete futebol na parada, ou teu blog vai virar arquibancada e perder conteúdo.
Grande abraço,
Amarildo

26 agosto, 2005 17:22  
Anonymous Anônimo said...

A obra pende pela burrice, uma vez que deveriam ser mortos os compradores de Conga e Kichute, pois estes envergonham a humanidade.
Teu pai.

30 agosto, 2005 09:51  
Anonymous Anônimo said...

Não li o livro, mas pelo visto tem um ar de reflexão para ser pensando. Sugiro levar ao debate com a Sandra ahehehe

Grande abs

Luigi

30 agosto, 2005 10:24  
Anonymous Anônimo said...

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05 março, 2007 21:09  

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